O casamento de Eros e Psiquê
Parte I
Eros era filho de Ares com Afrodite, ele era uma criança traquina e tinha asas e uma aljava cheia de
flechas do amor que lançava a esmo para todos os lados, atormentando a vida dos deuses e dos mortais, com paixões repentinas e inusitadas. Ele tinha na verdade, várias aljavas cheias de flechas, cada uma delas bem diferentes das outras. Uma tinha flechas cheias do fogo da paixão; outra tinha flechas doces; e finalmente, uma ultima que estava cheias de flechas amargas. Eros não usava sempre o mesmo par de asas, às vezes voava com asas brancas, que representava a pureza do amor; outras vezes, voava com asas de abutre, pois “o amor às vezes é cruel e devorador”. Eros gostava de voar com olhos vendados por sua mãe. E assim ele atirava suas flechas(uma vez que o amor é cego).
Psiquê era uma belíssima princesa e todos a adoravam, prestando-lhe culto e admiração. Mas, estranhamente, ninguém queria se casar com ela, pois dizia à tradição que a união com alguém muito belo só traria riscos e dissabores. Seu pai, que tinha mais duas filhas, desejava muito que se casasse, e resolveu consultar o oráculo de Delfos, para saber o que fazer. Ele foi recebido por Pítia ( a sacerdotisa de Apolo) que dizia que ele deveria deixar Psiquê em um rochedo perto da cidade onde morava um monstro, e este iria buscá-la. Só assim as outras duas filhas poderiam se casar visto que elas eram mais novas que Psiquê.
Então Psiquê foi levada em cortejo fúnebre para ser deixada em um rochedo.
Afrodite estava muito irada com a infeliz jovem, pois ela esvaziara seus templos, uma vez que todos se dirigiam ao palácio onde morava para admirar sua beleza, deixando de freqüentar os templos da deusa do amor e da beleza.
A deusa chamou Eros e disse-lhe: “ Vá até onde Psiquê se encontra e faça-a sofrer. Vá com todas as suas aljavas, prepare todas e atire-as de uma só vez. Somente assim ela aprenderá as leis de Afrodite”.
Psique esta próxima a um lago, e Eros foi ao seu encontro. Ele ficou em uma distancia segura tomou seu arco e preparou-se para atirar todas as flechas. Mas, no instante em que se preparava para dispará-las, Psiquê voltou seu rosto distraidamente em sua direção. Ela não o viu, mas Eros ficou deslumbrado com sua beleza que deixou escapar as flechas, que por sua vez resvalaram,ferindo sua mão(“o amor foi ferido pelo amor”, ou seja, o próprio Eros para desespero de Afrodite, que se apaixonou por Psiquê).
Eros correu para o palácio e, refeito da ferida, ordenou que lhe trouxessem Psiquê. O deus dos ventos( Zéfiro) foi encarregado de trazê-la. Ela aguardara um monstro, mas de repente foi envolvida por um vento poderoso que a levou pelos ares, até chegar ao palácio. Psiquê foi vestida com as melhores roupas. Ao anoitecer, foi levada para seu quarto, onde permaneceu só. Quando a madrugada se iniciava, uma doce figura, que ela não podia ver, devido à escuridão, adentrou e deitou-se a seu lado. Teve então a mais extraordinária noite de amor que uma jovem poderia esperar. Pouco antes do amanhecer, a misteriosa personagem partiu, sem que ela pudesse ver seu rosto. E isso se repetiu noite após noite: sempre adentrava seu quarto, amava-a e silenciosamente e partia antes do amanhecer.
Continua...